domingo, 6 de dezembro de 2009

Dois em um????

Como é possível um indivíduo apresentar células de origem genética diferentes? Pode parecer impossível, mas não é. Conhecido como quimerismo, o caso foi detectado no touro Espelho TE Brasília, por meio de investigação genética iniciada no ano passado. "Ao serem solicitados os registros genealógicos dos filhos deste touro foi verificado através de exame de DNA que estes produtos não poderiam ser filhos do Espelho", explica a diretora do Laboratório Gene Genealógica, Helena Maria Salgado Bicalho.
A diretora ressalta que a partir da investigação foram constatadas duas populações de células no sêmen e no pelo do touro, revelando que se tratava de um caso raro de quimerismo, não existe na literatura. A resposta para o quimerismo de Espelho TE Brasília, segundo a pesquisadora, pode estar no momento da eclosão, quando pode ter havido a passagem de célula de um embrião (irmão de Espelho) para outro in vitro. Apesar de Espelho ser quimérico, Helena explicou que o quimerismo não afetou os aspectos reprodutivos do touro, que é considerado um excelente reprodutor.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Como fazer cruzamento industrial

Cruzamento industrial é o cruzamento entre indivíduos de raças diferentes, em que, em geral, o touro é oriundo de uma raça pura. Esse sistema busca o aumento da eficiência na produção de carne.
O cruzamento entre raças, ou heterozigose, busca gerar heterose, ou vigor híbrido, para um grupo de características comercialmente importantes, particularmente de reprodução e sobrevivência. A heterozigose permite que a produtividade dos cruzados exceda a produtividade das raças-base.
É muito desejavel manter a heterozigose alta, produzida somente através do cruzamento entre raças em rebanhos comerciais. A heterozigose para qualquer característica é gerada a partir de um cruzamento de raças que diferem na frequência dos genes que controlam a característica - quanto maior a diferen~ça na frequência dos genes, maior a heterozigose no animal cruzado.
  • OS GRUPOS RACIAIS:
  1. ZEBUÍNOS: caracterizam-se pela adaptação ao calor dos trópicos, são extremamente rústicos com alta resistência a ecto e endoparasitas. Nelore, Gir, Guzerá, Tabapuã e Brahman são exemplos desse grupo.
  2. TAURINOS BRITANICOS: São produtores de carne. Alta velocidade de crescimento, precocidade sexual, fertilidade e qualidade de carne. Aberdeen Angus, Red Angus, Hereford, Devon, Red Poll e Shorthorn são os europeus britânicos mais utilizados.
  3. TAURINOS CONTINENTAIS: também produtores de carne de qualidade, elevado peso ao nascer, alto rendimento de carcaça e menor porcentagem de gordura. Limousin, Charolês, Simental, Belgian Blue, Marchigiana são raças exemplares desse grupo.
  4. TAURINOS ADAPTADOS: evoluíram em regiões tropicais. São animais de maior resistência ao calor e rusticidade. Tem potencial de crescimento mais baixo devido a menor exigência na alimentação. Exemplares dos taurinos adaptados são: Bosmara, Caracu e Senepol.
  5. RAÇAS SINTÉTICAS E COMPOSTAS: a sintética é formada por duas raças com grau de sangue fixado, visando manter bons níveis de heterose e adaptabilidade. Já os compostos são formados por três ou mais raças. No Brasil, as raças compostas mais usadas são Canchim, Braford, Brangus, Simbrasil, Stabilizer, Beefmaster e Montana.
  • TIPOS DE CRUZAMENTO:
  1. CRUZAMENTO TERMINAL COM DUAS RAÇAS: um touro taurino continental com uma matriz zebuína. A geração F1 desse cruzamento é destinada ao abate. Esse cruzamento possibilita 100% de heterose nos produtos, elevado potencial de crescimento e simplicidade na execução e flexibilidade do sistema.
  2. CRUZAMENTO TERMINAL COM TRÊS RAÇAS: engloba o acasalamento de um taurino britânico com uma matriz zebu. A progênie é destinada a reprocução. Assim, a matriz F1 é cruzada com uma terceira raça e todos os produtos dessa união são destinados ao abate. Como terceira raça são indicados taurinos adaptados ou raças bimestiças como o Canchim, Simbrasil ou Santa Gertrudis.
  3. CRUZAMENTO ROTACIONAL: nesse sistema, são utilizados duas ou mais raças, alternadas entre gerações. Esse cruzamento é ideal para os criadores que desejam usar as fêmeas produtos do cruzamento para reprodução. O objetivo é o abate dos machos e a reposição das matrizes com as fêmeas obtidas no cruzamento. As raças indicadas são o Angus, Hereford, Devon ou Senepol.
No rotacional com duas raças, também chamado CRISSCROSS, duas raças são acasaladas. As fêmeas resultantes são mantidas como reposição e acasaladas com uma das raças parentais. Nas gerações seguintes, as fêmeas são acasaladas um com reprodutor da raça diferente das raças utilizadas no cruzamento inicial.
No sistema rotacional com três raças, também denominado TRICROSS, duas raças são acasaladas e as fêmeas resultantes são mantidas como reposição e acasaladas com uma terceira raça não relacionada com as raças utilizadas anteriormente. Dessa forma preservam-se as mesmas características maternais do primeiro cruzamento.

domingo, 8 de novembro de 2009

O problema da consanguinidade:

O uso intensivo de reprodutores famosos vem causando aumento da consanguinidade (endogamia) e redução acentuada do tamanho efetivo das populações em escala mundial, inclusive no zebu brasileiro. O problema ocorre até em grandes raças que, a despeito do grande número devido ao alto parentesco entre eles.
O tamanho efetivo mede a diversidade genética de uma população, sendo desejável acima de 100. No estudo de Faria et al., 2002, com dados de animais nascidos entre 1994 e 1998 registrados na ABCZ, apenas o Nelore Mocho e o Guzerá, com tamanhos efetivos de 124 e 117, respectivamente, se encontram em situação "confortável". As demais, mesmo as numerosaas, apresentaram tamanho efetivo abaixo do desejável: Nelore = 68, Gir = 45, Gor mocho = 24, Indubrasil = 41, Tabapuã = 54, Sindi = 9. Nos EUA, o tamanho efetivo da população Hereford em 2001 era 85, a consanguinidade média era 9,8% e 95% dos indivíduos eram consanguíneos. Na Irlanda, o tamtanho efetivo da Holstein era 75, da Hereford 64 e da Simental 127.
Além da perda da variabilidade genética, efeitos deletérios da consanguinidade (depressão endogâmica) em diversas características de importância econômica são amplamente relatados, particularmente nas ligadas a fertilidade e sobrevivência. Efeitos desfavoráveis consistentes são citados em crescimento, produção de leite, proteína, contagem de células somáticas, incidência de mamite, idade aoprimeiro parto, intervalo de partos, dias de vida produtiva, taxas de concepção e parição, partos distócicos e prematuros, lucro na vida, etc.

Fonte: ABCZ

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Sêmen reverso: tecnologia a favor do melhoramento genético

A necessidade de criar um novo protocolo para touros que já não produzem mais sêmen ou que já morreram, motivou a ciência a buscar uma solução: o sêmen reverso. A técnica surgiu no Brasil, em 2008, quando empresas que já trabalhavam com sêmen sexado por citometria de fluxo identificaram a possibilidade de realizar o mesmo processo (separação de espermatozóides X e Y) a partir de doses convencionais congeladas.
O processo é similar ao do sêmen sexado. Desgongelam-se duas ou mais doses de sêmen. Uma vez preparada, a amostra é colocada no citômetro de fluxo, onde ocorre a separação dos espermatozóides.
O fluorocromo ligado ao DNA dos gametas é excitado pela luz UV proveniente do raio lase, que gera uma fluorescência proporcional ao conteúdo de DNA da mesma. Identificadas as subpopulações dos espermatozóides X e Y, um cristal envia uma descarga elétrica, positiva ou negativa, sobre a microgota contendo o espermatozóide selecionado, e a mesma logo é atraída por uma placa com carga elétrica oposta.
O sêmen sexado é recolhido em tubos que, posteriormente, são refrigerados a 18ºC, para finalmente ser utilizado para fecundação com a determinação de nascimento de fêmea ou macho, de acordo com a necessidade do cliente.
Segundo a diretora científica do laboratório da Tecgene, Karina Beloti Avelino, atualmente, 10% da sexagem de embriões compreende a utilização do semen reverso. "O número de adeptos esta crescendo principalmente por essa assertividade na produção", afirma.
Um dos clientes do laboratório é Renato Esteves, presidente da Associação dos Criadores de Guzera do Brasil e proprietário do Haras Habi, em Amparo-SP. Segundo o criador, a região não possui grandes fazendas e pasto extensivo, tornando o mercado difícil. Por isso, desejavam-se uma producao maior de femeas e um numero menor de machos. Com o semen reverso veio a oportunidade de selecao.
"Atualmente são quase inexistentes doses de sêmen sexado no mercado, em raças não leiteiras. Por isso, o sêmen reverso, realizado a partir de doses convencionais prontas, tornou-se uma excelente opção", ressalta Estes, que passou a utilizar a técnica.
Fonte: Revista Guzerá - abril 2009

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Novo Recorde Mundial da Vaca Girolando

O recorde mundial de produção da raça Girolando em torneios leiteiros foi batido durante a Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial de Resende, Rio de Janeiro. A matriz Girolando (5/8 Holandês + 3/8 Gir), Diva WTF da Estiva, registro definitivo A-6900, obteve a incrível média diária de 84,88 kg de leite. Sua maior produção no primeiro dia do torneio, quando produziu 87,08 kg, totalizando no final do concurso 254,66 kg durante as nove ordenhas realizadas.
Os criadores presentes na feira comemoraram o feito da vaca que bateu seu próprio recorde, que era de 81,37 kg de leite e atribuiram esse feito a alta qualidade de manejo imposta pelo proprietário Saulo Reis Vale, da Granja Natividade, em Rio das Flores (RJ) e a altissima genética do animal, que é filha do touro Holandês Horizon Black Gold, da bateria de touros da Universal Genetcs Ltda., filho do lendário touro Holandês To-mar Blackstar, com a matriz leiteira WTF da Estiva (matriz Girolando 1/4 Hol + 3/4 Gir).

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Escores Visuais.

A proposta dos escores visuais é não se basear na seleção apenas por peso, já que com isso, as matrizes cada vez mais vão ficando maiores e mais pesadas, aumentado sua energia de mantença, o que não é desejável.
As caracteristicas avaliadas pelos escores visuais são cinco:
  1. Conformação: intimamente ligado ao tamanho corporal do animal;
  2. Precocidade: chegar a um acabamento mínimo de carcaça com menor peso vivo possível, ou seja, preferir animais profundos e grossos aos leves e compridos. Aqui observa-se a inserção da cauda, a maça do peito, a linha do dorso e o costado;
  3. Musculatura: levam em conta volume, forma e disposição das massas musculares, especialmente do posterior. Observa-se pontos como: antebraço, paleta, lombo, garupa.
  4. Umbigo: o escore para o umbigo é avaliado individualmente de 1 a 5. Umbigos muito pendulosos classificam-se em 5 (não desejável pois podem "raspá-los" nas forrageiras), umbigos colados no corpo classificam-se em 1 (desejável).

A conformação, precocidade e musculatura são usadas para idade ao primeiro parto para novilhas, já para machos são importantes para maior qualidade e rendimento de carcaça, agregando assim maior valor economico a carne produzida.

Para avaliação (feita por 3 técnicos treinados afim de minimizar os erros tendenciosos), é necessário eleger o animal nota 1, nota 3 e nota 5, estabelecendo parametros de avaliação. Após avaliados, separam-se os animais em lotes de acordo com o escore corporal, essa separação é benéfica pois o manejo é apropriado a cada condição corporal.

Finalizada a avaliação, os dados são processados e posteriormente transformados em DEPs (Diferença Esperada de Progênie), ferramenta genética utilizada como critério de comparação entre dois animais (reprodutores), para uma mesma característica (por exemplo, peso ao nascer).

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Duas décadas de Girolando...

Nenhum animal que produz muito, ou melhor, que tem taxas altas de eficiência reprodutiva e produtividade, nasceu feito. Foram necessárias dezenas de anos de trabalho metódico, progressivo e contínuo, de melhoramento genético e do meio em que o mesmo vive. Com o Girolando não é diferente.
O Girolando é originária do cruzamento do gado Holandês com o gado Fir, através de um elaborado plano de acasalamento até se chegar ao Puro Sintético, com a proporção de 5/8 de Holandês mais 3/8 de Gir. Uma das fortes qualidades deste gado é o trinômio rusticidade + produtividade + mercado.
A tabela abaixo mostra a evolução do rebanho nacional.


A tabela abaixo mostra a evolução dos índices zootécnicos do rebanho girolando.